Pensamento do Dia 24.07.2013

“A gratidão é a virtude das almas nobres.”

        (Esopo)

 

Duas Versões:

As línguas de Esopo

Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia.

Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:

- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.

- Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando?

Como podes afirmar tal coisa?

- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.

Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho.

Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.

- Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo.

- A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?

- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo.

- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda terra.

Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro.

Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua.

Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:

- Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem -se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo?

- Indagou Esopo. Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.

Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antigüidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.

                 Autor desconhecido

… 

Fabulista grego, nascido em fins do século VI A.C., na cidade de Phrygia, na Ásia Menor, Esopo foi escravo em Samos e morreu tragicamente, em DELPHOS. Sobre a sua morte conta-se que, encarregado de levar oferendas ao templo de DELPHOS, descobriu a fraude dos sacerdotes de APOLO.
Os sacerdotes se vingaram, escondendo em sua bagagem uma taça de ouro consagrada ao deus, acusando-o de tê-la roubado, o que terminou por condenar ESOPO a ser precipitado do alto de um rochedo.
ESOPO tinha aspecto feio, era corcunda e gaguejava. Dono de uma inteligência privilegiada, aliada a um espírito sutil e engenhoso, era bastante invejado. Quando foi alforriado, viajou pelo Egito, Babilônia e Oriente, aumentado seus conhecimentos.
ESOPO é muitíssimo conhecido pelas pequenas histórias de carácter alegórico e moral onde os animais desempenham papéis, as chamadas "Fábulas Exóticas".
Uma passagem altamente marcante da vida do fértil fabulista, conhecida como "AS LÍNGUAS DE ESOPO", é hoje usada para indicar algo que pode ser analisado com conclusões antagônicas, isto é, alguma que pode ser tomada sob dois aspectos opostos, dando margem ao louvor e à crítica.
Certo dia XANTO, o último amo a quem ESOPO serviu como escravo, querendo oferecer um suntuoso almoço, pediu a ele para comprar no mercado o que de melhor encontrasse. ESOPO comprou apenas línguas, que mandou cozinhar de diversos modos. Os comensais, logicamente, se aborreceram e indagaram a ESOPO sobre o significado daquilo. ESOPO, prontamente respondeu: "Existe coisa melhor do que a língua? Ela é o vínculo da vida civil, a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Por meio dela, constróem e policiam-se as cidades, instrui-se, persuade-se e domina-se nas assembléias; cumpre-se o primeiro de todos os deveres que é louvar a Deus."
XANTO, tentando confundir e embaraçar ESOPO, mandou-o comprar no dia seguinte, o que houvesse de pior no mercado.
E, novamente, ESOPO comprou língua. O fabulista, outra vez interpelado, disse: " A língua, é a pior coisa que há no mundo. É a mãe de todas as questões, a origem de todos os processos, a fonte das discórdias e das guerras.
Se ela é o órgão da verdade, é também a do erro e, pior ainda, da infâmia e da calúnia. Por intermédio dela, destroem-se as cidades e seres humanos. Se por um lado louva os deuses e poderosos, por outro é o órgão da blasfêmia e da impiedade.
Hoje, a humanidade continua sendo servida de línguas...
Mas, quais as que tem prevalecido?
As piores ou as melhores?

      Autor desconhecido

Nenhum comentário: